fernandinho
há o que há
e o que não há
e o que houve
que é os dois
em tempos diferentes.
tu estás num balcão de bar.
eu estou cercado de flores
estou em um cerco de luzes
eu estou no precipício dos meus trinta e cinco anos
meus trinta e cinco anos
estão no umbigo da eternidade
que está no precipício do esquecimento.
tu e teus cachos
conversam com outro homem
logo na minha frente!
eu! que ainda lembro como beijas...
como virão as noites de verão,
como darei de comer aos mosquitos,
como tu disseste uma vez
que não queria entender
como funcionava a poesia
para que ela mantivesse seu mistério
(eu quis te contar,
só para te mostrar que por trás do segredo
há outro segredo,
afinal a poesia
é uma arte de versos)
escrevo esse poema,
me é claro,
porque nunca escrevi um poema para ti
e toda mulher que me estendeu a mão
merece seu poema.
mas não sou boa pessoa.
escrevo sem nunca enviá-los.
deixo que eles sejam uma aliança
entre eu
e o esquecimento.
sábado, 2 de dezembro de 2023
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