eu te aviso
para não acreditar
no poema
para não acreditar
no feriado
ou no poema
para não acreditar
no precipício da segunda-feira
nem nas cinzas de
um terceiro cigarro
para não acreditar
num mundo fora deste bolso
ou nas previsões de sol,
nem nas de chuva
porque o tempo parou
eu te aviso
para não acreditar
no poema
ou no poeta
e para ficar no escuro
deste bolso
e para acreditar apenas
na ponta da minha língua
a única parte minha
que não sabe mentir.