segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

o trovão de uma porta fechada
à força -
todo homem é uma tempestade
ou pode sê-lo -
às condições corretas de umidade
e pressão precipitamos como uma
chuva fúnebre;
é possível ouvir o silêncio entre os nossos
soluços
ondulando como a água dourada
na face de uma poça
(saltamos como uma criança:
com os dois pés inteiros)
no horizonte púrpura
as estrelas caem como balas de prata;
a beleza também nos perfura
ao trocar a carne faminta por essa pele sutil,
de papel;
fustigado pela imortalidade
por trás de cada segundo
(cada partícula de tempo é única
e é feita de chumbo)
seguimos adiante, vamos tremendo,
mas vamos
porque contra a dor só há
um segredo, um único segredo
gritar:
        - Não aguento mais,
e aguentar.