metes-te pela garganta
dessa casa; teu cheiro
pelo sofá e as quantas
marcas do corpo inteiro
por janeiro, estendida
sobre a minha cabeça
flutuas ao teto, aparecida,
sem que nos aconteça
uma graça passageira,
um pecado, uma ligeira
agonia. entras demais,
me atravessas, és frio
em'eio verão, a sutil
fome que insacia mais.
sábado, 30 de janeiro de 2016
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
piso-te com a sensibilidade
dos embriagados, o chão
mais fundo que a realidade
dos olhos, os pés 'inda não
preparados para o impacto;
dispara-me peito, o engano
da tua lonjura. é teu intacto
que me causa todo o dano.
se acerto-te, nada me falta
finco-me fundo, o pé exalta
tua presença, não m'esmago;
mas és chão tão, tão raro...
só há inébrio, nunca é claro:
todo passo é um passo vago
dos embriagados, o chão
mais fundo que a realidade
dos olhos, os pés 'inda não
preparados para o impacto;
dispara-me peito, o engano
da tua lonjura. é teu intacto
que me causa todo o dano.
se acerto-te, nada me falta
finco-me fundo, o pé exalta
tua presença, não m'esmago;
mas és chão tão, tão raro...
só há inébrio, nunca é claro:
todo passo é um passo vago
és-me a tensão no pescoço,
a cólera nos rins que logo
goza-se em fogo. és esboço
da paixão (frio no estômago)
ainda sem medida. és-me
a carne consumida, língua
pela pele, garra que geme
e suspira. minh'alma míngua
pelo teu caminho, tropeço-te
por canto de lábio, ou rente
ouvido, par'arrancar pedaço.
és-me a métrica do vazio,
o peito infinito, escorregadio,
que, ao entrar, eu me desfaço
a cólera nos rins que logo
goza-se em fogo. és esboço
da paixão (frio no estômago)
ainda sem medida. és-me
a carne consumida, língua
pela pele, garra que geme
e suspira. minh'alma míngua
pelo teu caminho, tropeço-te
por canto de lábio, ou rente
ouvido, par'arrancar pedaço.
és-me a métrica do vazio,
o peito infinito, escorregadio,
que, ao entrar, eu me desfaço
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