terça-feira, 26 de novembro de 2024

pequena fábula de amor real

 cai este imenso temporal

(as roupas todas
quarando à chuva fina,
pois é claro)

uma fina névoa
que nos separa do resto
do mundo

(há os que estão secos
e nós,
que somos úmidos)

com um impermeável
saio à tormenta
enfrentando a saraivada do céu
em ataque

o vento arranca
as roupas das minhas mãos,
arranca-as do varal

(atira-as para o céu
como se fossem fogos azuisvermelhos
de algodão)

eu, impotentemente,
um cão molhado,
abano-te minhas mãos:
- agora a opção que nos resta, amor,
é vivermos nus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário