aos secos olhos revela-se a mudança
desse nada de horizonte inacabado,
nos monstros do céu já precipitado
um casto temporal d'água que avança.
o corpo umedecendo, primeir'os olhos,
à baixoventre co'a chama azul do fogo
fátuo: lambe-me os pelos, num afago,
que, da garganta, liberta-me os arrolhos.
à terra encurva o fio d'onde se prende
a volúpia de algodão que me ascende.
deitando em minha língua a tenra uva
desafia-me com os dentes à ação bruta:
ao violar-te a carne fresca da tua fruta,
me ajunto-te minhas águas à da chuva.
segunda-feira, 2 de maio de 2022
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