segunda-feira, 1 de novembro de 2010

minh'alma cansa

não falamos a mesma língua
pois nossas terras distantes
há muito se afastaram

a vertigem de olhar para trás
entre o fundo do que me lembro
e a superfície do que sou
não reconhece a volta do tempo;

o eco do que contávamos
retorna como uma onda à praia
após conhecer o mundo;
a borbulha é uma lembrança
a me cobrir os pés de areia
e a primavera traz flores semelhantes
mas não as mesmas;
teu nome, nessa voz, é lilás
verde nas águas, branco na espuma;
mas minha boca compreende apenas
o sal dos teus olhos
que mudavam a cor junto com a luz
e, no poente, eram negros.

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